Já fallámos da guerra de Buenos-Ayres em 1826. Para sustentar esta guerra, Buenos-Ayres fez sacrificios enormes, exgotando as suas finanças, e enfraquecendo por esse motivo muito as molas da sua administração.
Exgotadas as finanças, enfraquecido o governo, as revoluções começaram.
Já dissemos que em Buenos-Ayres como em Montevideo, o campo e a cidade nunca estavam em harmonias de opiniões, como nunca o estavam em harmonias de interesse.
Buenos-Ayres fez uma revolução.
Immediatamente o campo fez uma revolução, e dirigindo-se sobre Buenos-Ayres, invadiu a cidade e fez o seu chefe governador.
Este chefe era Rosas.
Vamos fechar o parenthesis, aberto algumas paginas atraz.
Em 1830 Rosas foi eleito governador pela influencia dos habitantes do campo, não obstante a opposição da cidade, que elle encontrou meia policiada pela administração de Rivadavia.
Então Rosas, o gaucho, tentou reconciliar-se com a civilisação, parecendo querer esquecer os costumes selvagens adoptados por elle até então: a serpente queria mudar de pelle.
Mas a cidade resistiu ás suas tentativas, e a civilisação recusou receber o transfuga que se havia passado para o campo da barbaria. Rosas mostrava-se revestido de um uniforme, e immediatamente os militares perguntavam em que campo de batalha havia elle ganho aquellas dragonas. Fallava n’uma reunião, e logo os homens intelligentes perguntavam entre si onde tinha elle ido aprender aquelle estylo; quando apparecia n’um passeio, as mulheres designando-o com o dedo diziam: «Ahi vae o gaucho disfarçado!»
Os tres annos do seu governo passaram-se n’esta lucta mortal para o seu orgulho, e póde ser que a estas torturas moraes que lhe fizeram soffrer n’este periodo, seja devida a sua ferocidade. D’esta maneira quando resignou o poder e desceu a escada