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ota.

A legião italiana desceu, combateu e repelliu o general Montero, que com forças superiores se achava do outro lado da cidade.

Durante este tempo as esquadras, não sei dizer com que fim, abriram um vivissimo fogo sobre a cidade abandonada; pozeram as tropas em terra, e estas tropas formaram a nossa reserva contra o general Montero.

Pelas duas horas da tarde fizemos a nossa entrada na cidade.

A legião italiana foi aquartellada n’uma egreja; dei as mais severas ordens para que se respeitassem as menores cousas pertencentes aos habitantes forçados a abandonar suas casas.

Inutil é dizer que os legionarios obedeceram religiosamente ás minhas ordens.

A cidade foi guardada e fortificada pelos nossos, que a guarneceram. As frotas ingleza e franceza entraram no Parana e destruiram, n’um combate que durou tres dias, as baterias que guardavam o curso do rio.

A resistencia do inimigo foi heroica.

Continuei então com a minha pequena frota, composta de um brigue, de uma escuna e outros muitos pequenos vasos, a subir o rio.

Durante todo o tempo que haviamos marchado de conserva o almirante francez e o commodoro inglez me tinham testemunhado a mais viva sympathia, sympathia de que o almirante Lariné particularmente me conservou provas.

Bastantes vezes um e outro vieram assentar-se em nosso bivac, provando da carne que fazia o nosso unico sustento. Anzani, que nos acompanhava em a nossa expedição, partilhou esta honrosa sympathia. Era um d’estes que bastava vel-os para os amar e estimar. Em quanto que a nossa frota subia o Uruguay, vimos reunir-se a nós alguns homens de cavallaria commandados pelo capitão da Cruz, verdadeiro heroe, quero dizer, homem do mais bello caracter e da maior coragem.

Estes poucos homens seguiram a frota costeando