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Uma hora depois, pouco mais ou menos, chegaram-me, misturadamente, companhias de linha, estudantes, douaniers, o resto dos bersaglieri lombardos, e fragmentos de diversos corpos.

No meio d’elles vinha Marina a cavallo, que me trazia uns vinte lanceiros.

Tinha ido curar-se e voltava a tomar parte na acção.

Sahi então do Vascello com um pequeno grupo de dragões; immediatamente começaram os gritos de “Viva a Italia! Viva a republica romana!” o canhão troou, e as balas, passando por cima de nossas cabeças, annunciaram aos francezes um novo attaque; e, a um tempo, sem ordem, misturados todos, Marina á frente dos seus lanceiros bersaglieri, eu á frente de todos, lançamo-nos sobre a inexpugnavel villa.

Chegados á porta não poderam todos entrar; os que ficavam de fóra espalharam-se em atiradores nos dois flancos do quartel; outros escalaram os muros e entraram nos jardins da villa; outros finalmente, adeantaram-se até á villa Valentini, tomaram-na e fizeram alguns prisioneiros.

Vi então passar-se ahi uma scena incrivel: Marina, seguido dos seus lanceiros, compunha a frente da columna. O intrepido cavalleiro galgou o terraço e, chegado que foi á escada, cravou as esporas na barriga do cavallo, fez-lhe saltar os degraus a galope, tão bem que por um momento appareceu, no patamar que conduzia ao salão, similhante a uma estatua equestre.

Esta apotheose não durou mais que um minuto; uma descarga á queima roupa deitou por terra o cavalleiro; o cavallo cahio sobre elle ferido por nove ballas.

Manara vinha na rectaguarda, á frente d’uma carga de baioneta, a que nada resistio; um momento, foi nossa a Villa-Corsini.

O momento foi pequeno, mas sublime. Os francezes, reunindo todas as reservas, attacaram todos a um tempo; antes mesmo de eu poder reparar a desordem