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por todos os italianos, admirado pelos estrangeiros, e imitado pelos demais principes da Italia.

A 25 de março de 1848, a cruzada partiu de Roma; os auguros pareciam annunciar toda a unidade da Italia.

A sua carreira foi um triumpho perpetuo. Dos campos mais longiquos da Italia accorria a dura raça latina a averiguar e levar a feliz nova da resurreição da Italia, e de que o seu povo com a fronte molhada de suor e de sangue ia emfim ser livre.

Ugo Bassi estava em Ancona, onde prégava a quaresma. A primeira legião de voluntarios chegava ahi; Ugo arengou sobre a praça, e tomando argumento do desgraçado estado em que via suas armas e seus trajes, idealisou com a sua eloquente palavra a sua miseria, de que os nossos inimigos faziam escarneo.

Dois dias depois juntava-se á cruzada e partia com ella como segundo capellão dos voluntarios romanos.

Bassi como Gavazzi, seu amigo, era a providencia do exercito. Não só a sua eloquencia impellia os italianos ao amor da Italia e á dedicação por ella, mas ainda tirava dos mais rebeldes cofres numerosas e ricas offerendas. Em Bolonha fez milagres; os ricos davam dinheiro aos punhados, as mulheres suas joias, seus brincos e anneis.

Uma joven não tendo nada a dar cortou a sua linda trança e l’ha offereceu.

Elle havia assistido a todos os nossos combates e dedicações em Cornuda, Treviso e Veneza.

Irmã de caridade, apostolo, soldado intrepido, foi sobretudo no combate de Treviso, onde morreu o seu amigo e compatriota, o general Guidotti, que mostrou todas as virtudes de seu coração. Uma balla lhe mutilou a mão, o braço esquerdo, e lhe abriu uma longa ferida no peito. Ainda pallido e soffrente d’este cruel ferimento, viram-o no combate de Mestre, com um estandarte na mão, ser o