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primeiro a subir e sem armas, ao assalto do palacio Bianchini.

Bassi acompanhou a legião italiana em todas as peregrinações. A sua palavra potente fascinava as massas, e se Deus tivesse marcado um termo ás desgraças da Italia, a voz de Bassi como a de S. Bernardo, teria arrastrado as povoações aos campos de batalha. Se a Italia um dia se unificar, que Deus lhe dê a palavra de um Ugo Bassi! Quando Roma cahiu, quando me não ficou senão o exilio, a fome e a miseria, Ugo Bassi, não hesitou um instante em acompanhar-me. Recebi-o na minha barca em Cesenatia, e partilhou comigo o ultimo sorriso de despedida!

N’esta barca, que eu proprio guiei, estavam Anita, Ugo Bassi, Ciceravecchio, e seus dois filhos. Todos morreram, e de que maneira! Oh! sagrados mortos, eu referirei o vosso martyrio!

O nome de Ugo Bassi será a palavra de ordem dos italianos no dia do seu libertamento.

Mas deixei-me levar muito longe do meu fim.

Voltemos ao cerco de Roma.

Na noite de 4 de junho, em quanto que nossos adversarios disfarçavam um attaque na porta de São-Pancracio, foi aberto um fosso a tresentos metros da praça, e foram elevadas duas batterias de arco, uma cem metros atraz do parallelo para fazer face á bateria romana de Vestaccio de Santo-Aleixo. O parallelo apoiava-se á direita em alturas inatacaveis, á esquerda na villa Pamphili.

Desde a alvorada, havia feito chamar Manara, pedindo-lhe de resignar o seu titulo de coronel dos bersaglieri para acceitar o grau de chefe do meu estado maior. Era pedir-lhe um grande sacrificio, eu bem o sabia; mas Manara era mais habil que qualquer outro para estas funcções. Era de um valor exemplar, d’uma rara tranquilidade de espirito no meio do perigo, d’um golpe de vista seguro no combate; tinha feito dos seus bersaglieri a tropa mais bem disciplinada do exercito. Fallava quatro