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XII

O Combate

 

Tinhamos passado a noite ancorados, quasi seis milhas, ao meio dia do pico de Jesus Maria, em frente dos barrancos de S. Gregorio. Uma pequena brisa do norte começava a apparecer quando vimos vir do lado de Montevideo duas barcas que julgámos serem amigas; mas como não tinham o pavilhão encarnado, signal convencionado entre nós, julguei prudente o fazer-me de vela em quanto os esperava. Além d’isso mandei pôr no tombadilho os mosquetes e sabres.

Esta precaução, como se vae vêr não foi inutil. A primeira barca continuava a avançar unicamente com tres homens á vista; chegada ao alcance do porta-voz, o que nos parecia o chefe disse que nos rendessemos e ao mesmo tempo o convez da barca encheu-se de homens armados que sem nos dar o tempo de responder á sua intimação começaram o fogo. Dei o grito de «Ás armas» e agarrei n’um fuzil, depois respondendo a este cumprimento conforme podia, e como estavamos com todo o pano mandei. — Ás vélas de diante.

Não sentindo a galeota obedecer ao leme com a docilidade costumada, voltei-me e vi que a primeira descarga tinha morto o marinheiro que n’aquella occasião ia ao leme, e que era um dos nossos valentes. Chamava-se Florentino e tinha nascido em uma das nossas ilhas.

Não havia tempo a perder. O combate estava travado com todo o furor. O lanchão, é o nome que dão á qualidade dos barcos com que combatiamos, o lanchão tinha-nos abordado pela direita e alguns dos seus marinheiros haviam já saltado no nosso barco, mas por felicidade alguns golpes de fuzil e sabre nos livraram d’elles.

Depois de ter coadjuvado os meus companheiros