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chedos, que os marinheiros chamam cavallos, por causa da espuma que fazem voar em roda d’elles, ouve-se a muitas milhas de distancia, e muitas vezes é tomado pelo rumor da tormenta.

XXI

Partida e naufragio

 

Promptos a partir esperámos pela maré cheia, sahindo ás quatro horas da tarde.

Foi n’esta occasião que soubemos apreciar o bem que nos resultava da pratica que tinhamos de navegar entre os rochedos. Não obstante esta pratica, não sei hoje dizer porque audaciosa ou antes porque habil manobra chegámos a tirar os nossos navios d’entre os rochedos, ainda que tivessemos, como já disse, escolhido a maré cheia. O fundo necessario para navegarmos faltava-nos por toda a parte, foi pois só ao cair da noite que os nossos esforços obtiveram um resultado feliz conseguindo deitar ancora no Oceano.

Julgo conveniente dizer que os nossos navios foram os primeiros que sahiram do lago Tramandai.

Ás oito horas da noite levantámos ancora e começámos a nossa viagem.

No dia seguinte pelas tres horas da tarde tinhamos naufragado na embocadura do Aserigua, rio que tem a sua nascente na serra Espinasso, e que se lança ao mar na provincia de Santa Catharina, entre as torres e Santa Maura.

De trinta homens da equipagem, dezeseis affogaram-se.

Direi em duas palavras como aconteceu esta terrivel catastrophe.

No momento da nossa partida, o vento do meio dia começava a apparecer. Corriamos parallelos á