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MEMORIAS DE UM NEGRO
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da pelo homem do Norte e pelo homem do Sul, pelo ex-abolicionista e pelo ex-senhor, reconhecereis que essa gente prompta a offerecer a vida ao seu paiz merece que lhe permittam viver no seu paiz”.

Houve na platéa um enorme enthusiasmo quando manifestei os agradecimentos do negro por lhe haverem dado um lugar na guerra. O presidente Mac Kinley se achava num camarote, á direita do palco. No momento em que, ao terminar a phrase, me voltei para elle, uma ovação tumultuosa rebentou. Agitaram-se lenços, bengalas e chapéos. O presidente ergueu-se, inclinou-se. E surgiram novas acclamações, de violencia incrivel.

Alguns pontos do meu discurso de Chicago não foram bem comprehendidos pela imprensa do Sul, que me atacou fortemente varias semanas, até que o director do Age-Herald de Birmingham, no Alabama, me escreveu pedindo esclarecimentos. Mandei-lhe uma carta que apaziguou os criticos. Affirmei que tinha por costume não dizer no Norte coisa que não pudesse dizer no Sul e que dezesete annos de trabalho em Tuskegee deviam bastar aos sulistas mais difficeis de contentar. Repeti parte do meu discurso de Atlanta a respeito de preconceitos de raça.

Apparecem nas reuniões publicas individuos temerosos. São os malucos. Ha tempo que os vejo