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que faz a arte naval — culpa que não lhe cabe, todavia, e sim a uns tantos governos ineptos e descuriosos que o paiz tem tido. Governos que brécam a marinha, lhe entorpecem o ardor, procuram burocratizal-a. Que vale ser bom atirador, si a arma é pica-pau?

— Os governos nunca teem dinheiro e sem muito e muito dinheiro não pode um paiz conservar sua marinha ao nivel dos progressos incessantes que o navalismo faz. A culpa não cabe á marinha.

— Perfeitamente. E por isso condemno a conservação onerosa do apparelhamento existente e o incluo no caso geral de parasitismo. Por melhor que a marinha conserve os actuaes navios, de que vale isso, si estão todos atrazados de um quarto de hora? Na guerra vence quem chega primeiro, quem atira primeiro, coisas que so conseguem os que andam em dia com a evolução das armas.

Canhão que só alcança cinco milhas, por mais bem tratado que seja e melhor a pontaria dos seus atiradores, vale tanto como mm pedaço de pau — si defronta um outro que alcance dez milhas. Ora, parece-me tolice conservar machinas atrazadas, de inefficiencia evidente e reconhecida por todos os bons cerebros de que a marinha dispõe.

— Mas como proceder, si não temos dinheiro? como substituir nossos velhos couraçados, si um dreadnought custa hoje 400.000 contos e vivemos nesta miquia eterna que Mr. Slang sabe?

— Exactamente por isso preconiso o avião, que é a arma do pobre. Couraçado é hoje arma de poro rico ou de povo que tem metallurgia e pode construil-o em casa. Os dez milhões de libras que a Inglaterra gasta num couraçado ficam-lhe todos em casa. O dinheiro sahe do povo, passa pelas mãos do governo e volta ao povo. Não ha sangria. Mas aqui? Como nunca ha di-

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