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Página:O Barao de Lavos (1908).djvu/122

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Mandou-o espreitar. Averiguado que o rapaz levava o maior ao tempo n’um bilhar, á rua do Príncipe, ou então em casa da Pacca, rua da Prata. Socegou o barão. — E’ que gostava de jogar o seu bocado e tinha de acaso por amante alguma bôa hespanhola... Uma mulher... Não lhe importava isso !... Natural, proprio da edade tudo aquillo... — Socegou. Mas agora, de cada vêz que vinha á rua da Rosa, á incerteza devorava-o. Era, ao subir da escada, um ruido espesso nos’ ouvidos, um latejar das fontes, um galopar suffocante do coração no peito, uma tortura picante de todo o seu ser violento e fraco, poleado na vibração da duvida. E esta agitação, esta angustia mordente saboreava-a o barão com deleite, porque lhe trazia uma sensação nova, um prazer corrosivo e acre ao seu feitio morbido de gosar.

Uma noite o barão saiu de casa no proposito de encontrar por força Eugênio. O dia an- tecedente,— um domingo,—tinha-o ido passar ao campo com a esposa. Do amante não sabia desde quinta-feira. Quatro dias!... Intolerável! Eram 8 da noite. — A essa hora, quasi certo andar elle fóra de casa... Quem sabe?... A’s vêzes, por um feliz acaso... — E subiu até S. Roque o barão. Mas ahi, antes de embrenhar- se nas tortuosidades do Bairro Alto: — Está lá em casa, agora ! tão cedo ! — Ia apanhar uma decepção, quasi de certeza. — Nada, o caminho é por aqui... — Rodou sobre si mesmo, desceu a calçada do Duque e tomou á esquerda, pela rua do Principe, direito ao Jansen. Entrou.

Sôb a arcaria resplandecente, forrada a pa-