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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/36

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sabe o bem que é! exclamou a S. Joaneira. — Contou imediatamente a grande desgraça que tinha em casa, uma irmã meio idiota entrevada havia dez anos! Ia fazer sessenta anos... No Inverno viera-lhe um catarro, e desde então, coitadinha, definhava, definhava...

— Há bocado, ao fim da tarde, teve ela um ataque de tosse! Pensei que se ia embora. Agora descansou mais...

Continuou a falar "daquela tristeza", depois da sua Ameliazinha, das Gansosos, do antigo chantre, da carestia de tudo — sentada, com o gato no colo, rolando com os dois dedos, monotonamente, bolinhas de pão. O cônego, pesado, cerrava as pálpebras; tudo na sala parecia ir gradualmente adormecendo; a luz do candeeiro esmorecia.

— Pois senhores, disse por fim o cônego mexendo-se, isto são horas!

O padre Amaro ergueu-se, e com os olhos baixos deu as graças.

— O senhor pároco quer lamparina? perguntou cuidadosamente a S. Joaneira.

— Não, minha senhora. Não uso. Boas noites!

E desceu devagar, palitando os dentes.

A S. Joaneira alumiava no patamar, com o candeeiro. Mas nos primeiros degraus o pároco parou, e voltando-se, afetuosamente:

— É verdade, minha senhora, amanhã é sexta-feira, é jejum...

— Não, não, acudiu o cônego que se embrulhava na capa de lustrina, bocejando, você amanhã janta comigo. Eu venho por cá, vamos ao chantre, á Sé, e por aí... E olhe que tenho lulas. É um milagre, que isto aqui nunca há peixe.