havia ingratidão. Era uma questão de fé. Se a rapariga pensava que o abade a podia dirigir melhor, tinha razão em se abrir com ele... O que todos queriam é que ela salvasse a sua alma... Que fosse pela direção de fulano ou sicrano, isso não importava... E nas mãos do abade estava bem.
E chegando vivamente a cadeira para o leito da velha:
— Então agora, todas as manhãs vai à residência?
— Quase todas... Que ela não há-de tardar, vai depois de almoço, volta sempre a esta hora... Ai, tem-me causado isto um desgosto!...
Amaro deu um passeiozinho nervoso pelo quarto, e estendendo a mão à velha:
— Pois minha senhora, eu não me posso demorar, que vim de fugida... Até um dia cedo.
E sem escutar a velha, que lhe pedia com ansiedade que ficasse para jantar - desceu os degraus como uma pedra que rola, meteu furioso pelo caminho da residência, ainda com o seu ramo na mão.
Esperava encontrar Amélia na estrada; e não tardou em a avistar quase ao pé da casa do ferreiro, agachada ao pé do valado, apanhando sentimentalmente florinhas silvestres.
— Que fazes tu aqui? exclamou, chegando junto dela.
Ela ergueu-se, com um gritinho.
— Que fazes tu aqui? repetiu.
Àquele tu, e àquela voz colérica, ela pôs rapidamente um dedo na boca, assustada. O senhor abade estava dentro da casa com o ferreiro...