O escudeiro contou pelos dedos consultando o seu calendário, que era a sua idade.
— Foi por este tempo, há um ano; princípios de março.
— Estais bem certo? exclamou mestre Nunes.
— Certíssimo; é conta que não engana. Mas que tendes?
Com efeito mestre Nunes se erguera espantado.
— Nada! Não é possível!
— Não acreditais?
— É outra coisa, Aires! É um sacrilégio! uma obra de Satã! uma simonia horrenda!
— Que dizeis, homem, explicai-vos lá de uma vez.
Mestre Nunes conseguiu restabelecer-se da sua perturbação e contou ao escudeiro as suas desconfianças a respeito de Frei Ângelo di Luca e da sua morte, que nunca fora possível explicar: notou-lhe a coincidência do desaparecimento do carmelita com o aparecimento do aventureiro, e o fato de serem da mesma nação.
— Depois, concluiu Nunes, aquela voz, aquele olhar!... quando o vi hoje, estremeci, e recuei espavorido julgando que o frade tinha saído de baixo da terra.
Aires Gomes levantou-se furioso, e saltando