Página:O Momento Literario (1908).pdf/128

Wikisource, a biblioteca livre

quadra. Isso quanto a estrangeiros, apesar do muito que me encantava Herculano; entre os nacionais, Alencar tinha para mim o prestígio de uma superioridade ofuscante.

Em 1876 fui continuar os meus estudos no Rio de Janeiro, tendo por companheiros Feijó, que se finou antes de revelar todas as refulgências de seu grande talento; Paula Nei e Silva Jardim. Fui assíduo freqüentador, ao lado deste último, da Biblioteca Municipal, situada então no campo de Santana, esquina da rua Conde d'Eu; mas lia sem método e com pouco aproveitamento. Não fazia seleção nem talvez pudesse fazê-la. Absorvia Hugo e Schiller de mistura com Escrich e consócios; Musset e Lamartine interessavam-me tanto quanto Michelet e Buchner; irmanava Shakespeare e Macedo.

No Rio, começara a interessar-me pelo positivismo, de que davam conhecimento os escritos de Miguel Lemos; mas foi no Recife, para onde me transportei em 1878, que me familiarizei com Littré, cujas obras ainda hoje me ornam a estante e da meditação das quais comecei a extrair uma segura intuição da ordem universal. Por algum tempo o positivismo seduziu-me, e passaram-me pelos olhos, além dos volumes de Comte, os trabalhos de Wyrouboff, Roberty, Bourdeaux, Robinet e Poly. Comecei depois a sentir as falhas do sistema e, ao concluir o meu curso de Direito em 1882, minhas