Página:O Momento Literario (1908).pdf/231

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Mandam-me entrar para uma pequena sala cheia de pequenas estantes, de guéridons, de fotografias e de jarras com rosas. Há junto à mesa uma vasta poltrona; encostado à parede, sob um retrato de Eça de Queirós, um largo divã coberto de pano da Índia.

Sento-me no divã e olho em derredor. À esquerda, uma porta quase apagada pelo reposteiro; à direita, outra porta dando para uma pequena área donde se divisa a beleza da paisagem da montanha. É noite. O candeeiro tem uma luz tênue e carinhosa, dessas luzes que deixam sombras agradáveis pelos cantos. Lá fora, a lua espalha pelo monte a poeira de prata do luar alvíssimo. Tenho a impressão de estar em cena, num cenário arranjado cuidadosamente para o final triste das peças passionais francesas. Devem ter lugar ali as despedidas soluçantes, os últimos adeuses dos olhos pisados e dos peitos arfantes, e eu vejo nitidamente o dono da casa de pijama de veludo