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sob todas as suas formas. Foi Bernheim quem me levou para aí com o seu livro sobre a Sugestão. Creio, porém, que o meu espírito já estava a bom caminho, porque, embora tivesse praticado muito o hipnotismo e devorado quanto escritor arrevesado escrevia a respeito de ciências ocultas, tive sempre a ambição de entender nitidamente essas coisas complicadas e o resultado foi que saí de todas essas leituras tão agnosticista e materialista como para elas entrara. Aliás, o livro excelente de Bernheim é, por isso mesmo, o melhor dos guias. Chega a ser um pouco estreito. Mas vale, porém, isto que a divagação aventurosa dos tipos como o Coronel De Rochas e outros charlatães.

Mas esta resposta está degenerando em uma autobiografia.

Passo, portanto, muito mais resumidamente à sua segunda pergunta.

Em regra, os autores preferem, não as suas melhores obras, mas aquelas que lhes deram mais trabalho. É o caso dos pais de vários filhos que têm maior predileção pelo mais doentinho e grandes rigores para os sadios e fortes. Flaubert tinha acabado por detestar Madame Bovary e proclamava o melhor dos seus trabalhos a Tentation de Saint-Antoine. Sully Prudhomme criou um verdadeiro horror