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O reino de Kiato
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do-a. Nos paízes em decadencia a mulher masculinisa-se e assiste a todas as festas. Nas sessões scientificas ou literarias comparece, não para aprender, mas para mostrar a «toilete», as joias. Aqui, a mulher não usa joias, nem tem as orelhas furadas. Não tem «toilete» a mostrar, nem olhares a trocar. A mulher raramente entende os discursos: ou não presta attenção ou não entram nos seus ouvidos as palavras proferidas.

Da mensagem, a parte qne mais agradou a Paterson foi a que se referia a Pantaleão I. Niel, seu neto, fez-lhe a psycologia com mão segura, expondo em toda a hediondez o facto criminoso, narrando-o, porém sem commentarios. Os dias que se seguiram ao crime, com as noites de pesadelos pavorosos, o acordar do criminoso, os primeiros instantes conscientes, eram descriptos com tão vivas imagens, que se tinha a idéa de assistir á cruciante angustia do desgraçado rei. Relatou as lutas dos primeiros tempos, para impor novos moldes á vida d’aquelle povo completamente transviado pelo alcool.

Occupou-se depois de Pantaleão II, seu pai, de como reinou e dos serviços que prestou á patria. Governo sem agitações, deu combate a syphilis e, todo entregue á saude publica, fez prosperar o reino.

Ao occupar-se de seu reinado, disse apenas ter continuado a obra de seu pai e de seu avô. Achando o caminho desbravado, limitou-se a conservar o que estava feito.

Cinco dias durou a sessão cívica commemorando a regeneração de Kiato, Na ultima sessão estava reservada a Paterson uma surpreza.

Ao chegar á sua cadeira encontrou um livro grosso, nitidamente impresso, encadernado em couro, com o titulo