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Rodolpho Theophilo

A lepra era uma das molestias que grassavam em todo o Reino. Para evitar o contagio, segregaram-se estes desgraçados em uma ilha, dando-se-lhes meios de tirar da terra a sua subsistencia. Todos, homens e mulheres, eram esterilisados, enviados os novos casos para o leprosario. Não se abria excepção para pessoa alguma. E a lepra foi desapparecendo paulatinamente, até se extinguir de todo, em quarenta annos.

O casamento tornou-se obrigatorio a todo o cidadão, attingida a idade de vinte e cinco annos. Era, porém, necessario um rigoroso exame de saude nos noivos e nos seus ascendentes mais proximos. Um tuberculoso, um epileptico, um leproso

um canceroso, não podiam casar-se, assim como descendentes de alcoolicos, de pais ou de avós soffrendo d’aquellas enfermidades. A’ mulher, antes de vinte annos e depois de trinta e cinco, o casamento era-lhe interdicto. O celibatario consideravam-no nocivo á sociedade.

Pantaleão ainda viveu e reinou trinta annos após a regeneração.

Succedeu-lhe um filho do mesmo nome. Antes de morrer, chamou-o e contou-lhe, em eloquente synthese, a historia de sua vida. Dos homens o mais perdido, dos reis o mais nefasto, purificara-o a dor. Deixava o povo em franca via de regeneração. Que continuasse a sua obra respeitando assim os seus ultimos desejos. E expirou.

Pantaleão II, portador apenas de taras e diatheses, herdadas e não adquiridas, iniciou seu reinado nos moldes do seu antecessor. Faltava proceder á prophylaxia da syphilis, ou antes ao seu exterminio como o segundo inimigo da humanidade.