— E lept! outra lambada por despedida.
O moleque, com as costas toda lanhada e em sangue, montou no seu cavalinho e saiu pelos campos atrás do novilho. Depois de muito procurar encontrou por fim o fujão, escondido numa moita.
— "E agora?" pensou consigo. "Tenho de laçar este novilho, mas meu laço está que não vale nada, de tão velho, e eu estou tão escangalhado pela sova que ainda valho menos que o laço. Mas não ha remedio. Tenho que ir até o fim..."
E, aproximando-se com muito jeito, laçou o novilho.
Se fosse só laçar, estaria tudo muito bem. Mas tinha de trazer o boizinho por diante, até o curral. Teria ele forças para isso? O laço aguentaria?
Não aguentou. Com meia duzia de sacões o novilho desembaraçou-se do laço, arrebentando-o, e lá se foi pelos campos afora, na volada.
E agora? Voltar para casa, sem novilho e sem laço? O furor do estancieiro iria explodir como bomba.
Voltou.
— "Que é do novilho?" indagou o patrão assim que o negrinho apareceu no terreiro.
— "Escapou, patrão. Lacei ele, mas o laço estava podre e não aguentou, como sinhô pode ver por este pedaço".
Se o estancieiro não fosse um monstro de maldade, convencer-se-ia logo, vendo a ponta do laço, de que o negrinho andara direito. Quando o laço arrebenta, a culpa da presa escapar não é do laçador, sim do laço. Não pode haver nada mais claro no mundo. Mas o estancieiro, que tinha comido cobra naquele dia, em vez de dar-se por convencido mais colerico ainda ficou.