Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/16

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a que eu procurei, mas em vão, ligar um sentido.

O sino de uma fazenda soou ao longe repicando meio-dia. O preto velho ergueu-se a custo e com o passo trôpego e lento seguiu por um espinhaço do próximo rochedo que vinha serpejando como uma grossa raiz, morrer à alguns passos do tronco do ipê. Acompanhei com os olhos o seu andar vacilante sobre o dorso áspero da pedra, até que sumiu-se numa garganta do fraguedo.

Já tinha esquecido o preto e pensava nos cuidados que deixara no Rio de Janeiro, quando feriu-me o ouvido uma voz cava e profunda que proferia estas palavras:

— Perdoa, perdoa!...

O mais estranho era que as palavras saíam das entranhas da terra, e rompiam mesmo do chão que eu pisava. Se não fosse meio-dia, a hora dos esplendores e das maravilhas da criação, talvez meu espirito se deixasse levar, das superstições que infestavam o lugar. Mas feitiçaria com o sol a pino, e a natureza a sorrir, pareceu-me um contrassenso.

Algumas velhas raízes do ipê, ressurgindo à flor