Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/171

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desejo de subtrair-se às vistas que o buscavam, não havia imprudência que não cometesse. Um dia o velho o viu por diversas vezes a despenhar-se das abas de um alcantil, ou dos galhos de um frágil arbusto, para esconder-se nalgum refúgio inacessível.

O terror que teve então o velho, produziu o efeito desejado por Mário. Desde aquele dia deixou de ser contrariado; bastava que o menino se afastasse, exprimindo o desejo de isolar-se, para que o preto se submetesse à sua vontade, humilde e resignado. Qual não seria a dor do pobre Benedito, se acontecesse a Mário algum desastre, pela precipitação com que desejasse esconder-se?

Naquele fatal dia 15 de janeiro, já marcado pelo selo da desgraça na história de sua família, e destinado ainda para tão tristes acontecimentos; naquele dia, Mário, deixando seu bom e velho amigo, ganhou sob o peso das tristes preocupações a margem do rio que lambia naquela paragem as faldas do rochedo.

— Benedito diz que estou enganado. Se ele soubesse o que eu ouvi? Queria contar-lhe; mas para quê? Não acreditará... Ou talvez acredite, e esconda de mim!...