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Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/185

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se estendia desde a aba do rochedo até às profundezas do lago, com uma ponta presa à vida, e outra já soldada à morte! Esses corações que se faziam elos de uma corrente, grilhados pelo heroísmo, essa âncora animada, sustendo uma existência prestes a naufragar, devia encher de admiração e orgulho a criatura.

Foi essa peripécia do horrível drama que se desenhou aos olhos do barão, quando ele chegava à margem do lago. Não teve necessidade de interrogar, de ouvir alguma voz, nem de examinar a cena.

Do primeiro relance compreendera tudo. A vítima era Alice; o herói, Mário; o instrumento, Benedito.

Os joelhos curvaram-se; e aquele homem forte caiu sucumbido e opresso de encontro ao parapeito de pedra. Um brado de ânsia rompeu-lhe do seio; mas com o ofego da respiração, os lábios não exalaram mais do que um surdo gemido.

A esse gemido respondera um grito de triunfo. Mário acabava, por um impulso desesperado, de levantar acima d'água o corpo inanimado de Alice.