Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/118

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que a menina evocara, fitava nela um olhar triste e ao mesmo tempo severo, enquanto nos lábios perpassava-lhe um desses pungentes sorrisos de ironia, com que a própria consciência escarnece do coração do homem.

A menina, com a fronte baixa, temendo encontrar naquele momento os olhos, que antes ela procurava e recebia com tanto carinho, mais uma vez soltou as asas ligeiras e sutis de sua palavra para fugir ao vexame do isolamento.

— Deixe estar; amanhã ou depois, quando estivermos mais sossegados de festas e mais sós, havemos de dar um passeio, bem comprido: e só para ver os lugares onde brincamos e os objetos que ainda guardam as lembranças de nossa infância. Você já viu o Boca-Negra? Está muito velho, mas ainda é o mesmo cão valente e destemido. O meu pequira em que você corria, o rucinho, também ainda vive. Aquilo que nos lembrava de você, tudo se conservou, até o caminho do boqueirão que papai quis mandar tapar depois daquele dia, mas tanto eu pedi-lhe que deixou! Também havemos de ir lá; nunca, nunca mais aí voltei depois daquela vez; mas lembro-me