Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/233

Wikisource, a biblioteca livre

Defronte da arvore, a cuja sombra os fugitivos haviam descansado, formava o terreno uma grande ribanceira.

Os desconhecidos estavam ahi com a frente voltada para a vasante, o lado direito para o continente, e o esquerdo para o rio, que nessa altura era largo e profundo.

— Parece que vossê veiu enganado, camarada, disse o Cabelleira, saltando em um minuto aos pés daquelle que tinha pela mão o cavallo. Este animal não lhe pertence.

— Este animal é meu no céo e na terra. Ha dous dias o furtaram do meu roçado no Angico-torto. Puz-me na batida do ladrão, e finalmente vim dar com o meu cavalo. Elle é meu, tão certo como estou aqui. Tem o meu ferro na anca direita, e vossê o póde ver, si ainda nãose quiz dar a este trabalho.

— Pois o que eu lhe digo, camarada, é que fosse elle de quem fosse, por mais homem que seja, ninguem será capaz de tiral-o do meu poder.

— Isto agora é que havemos de ver, disse o desconhecido, batendo mão da faca que trazia no cós da ceroula e fazendo-se prestes para lutar pela reivindicação da sua propriedade.

— Monta no teu cavallo, Marcolino, gritou o outro desconhecido ao companheiro; monta