Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/293

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— Não ficou?

— Eu o enterrei com minhas proprias mãos.

— Vossê?

— Eu e mais outro companheiro.

O bandido correu ao soldado para o apertar em seus braços em signal de reconhecimento. Mas a corda que os prendia pelos lagartos tolheu que elle lhe désse esta demonstração.

— Não tem que me agradecer, disse-lhe o miliciano. Eu vi Luizinha menina. Vossê não me conhece, mas eu tambem o vi pequeno; e si sua prisão estivesse em minhas mãos, nunca ella se teria feito.

O soldado afastou-se do Cabelleira para que este não lhe visse as lagrimas que de quatro em quatro estavam banhando suas faces.

— Não se afaste, camarada, disse-lhe o prisioneiro. Tenho certeza de que vossê não me quer mal, e por isso quero pedir-lhe um favor. Não sei como poderei passar esta noite com a tristeza que tenho. Poderá vossê arranjar-me uma viola ?

Pouco depois ignotos sons, que estão acima do maior elogio, levaram melancolia e saudade ao coração de todo aquelle de quem se fizeram ouvir.

Fôra já servida a ultima refeição, e os hospedes se haviam retirado a suas casas. Era tudo mudez na rua e vizinhanças.