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O CHOQUE
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— Benson... Esse nome me é desconhecido.

— Pois o professor Benson é um homem mysterioso, que passa a vida no fundo dos laboratorios, talvez á procura da pedra philosophal. Sabio em sciencias naturaes e sabio ainda em finanças, cousa ao meu ver muito mais importante. E tão sabio que jamais perde. Dou-me com esses rapazes todos que trabalham nas secções de cambio e por elles sei deste homem cousas impressionantes. Benson joga no cambio, mas com tal segurança que não perde.

— Sorte !

— Não é bem sorte. A sorte caracteriza-se por um affluxo de paradas felizes, por uma media mais alta de lucros do que de perdas. Mas Benson não perde nunca.

— Será possivel?

— E' mais que possivel, é facto. Deve possuir hoje enorme fortuna. Mora em um complicado castello lá dos lados de Friburgo, mas não cultiva relações sociaes. Não tem amigos, ninguem ainda viu o interior do casarão onde vive em companhia de uma filha, servido por criados mudos, ao que dizem. Sabes que depois da guerra o mundo inteiro jogou no marco alemão.

— Sei, sim, e fui uma das victimas...

— Pois o mundo inteiro perdeu, menos elle.