branco, um guardanapo ao pescoço e um trinchante empunhado na destra, como uma espada.
— Vão gritar pra o inferno, com um milhão de raios! berrou ele, ameaçando para baixo. Isto também já é demais! Se não se calam, vou daqui direito chamar a policia! Súcia de brutos!
Com os berros do Miranda muita gente chegou à porta de casa, e o coro de gargalhadas, que ninguém podia conter naquele momento de alegria, ainda mais o pôs fora de si.
— Ah, canalhas! O que eu devia fazer era atirar-lhes daqui, como a cães danados!
Uma vaia uníssona ecoou em todo o pátio da estalagem, enquanto em volta do negociante surgiam várias pessoas, puxando-o para dentro de casa.
— Que é isso, Miranda! Então! Estás agora a dar palha?...
— O que eles querem é que encordoes!...
— Saia daí papai!
— Olhe alguma pedrada, esta gente é capaz de tudo!
E via-se de relance Dona Estela, com a sua palidez de flor meia fanada, e Zulmira, lívida, um ar de fastio a fazê-la feia, e o Henriquinho, cada vez mais bonito, e o velho Botelho, indiferente, a olhar para toda esta porcaria do mundo com o profundo desprezo dos que já não esperam nada dos outros, nem de si próprios.
— Canalhas! repisava o Miranda.
O Alexandre, que fora de carreira enfiar a sua farda, apresentou-se então e disse ao negociante que não era prudente atirar insultos cá pra baixo. Ninguém o tinha provocado!