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O bom marido
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Resolveu ajudal-o. Obteria uma cadeira, mesmo contra a vontade d'elle, e leccionaria. Tresentos mil réis por mez! Já dá...

Quando o marido soube d'estes projectos, indignou-se.

— Não consinto! Para trabalhar aqui estou eu, homem e forte. Tinha graça ver-te a ensinar meninos e a custear as despezas da casa...

— Mas, Théo, tu vives a te matar sem conseguires coisa nenhuma...

— Mas conseguirei. Insistirei até o fim. Fecham-me as portas? Arrombal-as-ei. Habilitações não me faltam, tu sabes; falta-me sorte, apenas.

— Sei disso. Ninguem o reconhece melhor do que eu. Mas havemos de ficar assim toda a vida, esperando?...

— Peço-te um mez de prazo. Juro-te que dentro de um mez estará tudo arrumado. O que não quero, o que de maneira nenhuma consinto, é que digam por ahi: olhem o Théo, um homemzarrão, a viver 'do trabalho da pobre mulher. Isso, nunca!

Passou-se o mez concedido, e mais outro, e o terceiro. Aggravando-se-lhes a situa-