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Monteiro Lobato

inubias de Anhembira, lá onde o rio eterno é como um deus irrequieto que ora escabuja nas fragas, ora brinca com as petalas mortas remoinhantes em seus remansos turbidos.

Inah despede-se da filha e, repetindo o gesto do guerreiro branco, põe-lhe no dedo o anel de nupcias.

QUADRO

A vida solitaria de Marabá. Seu namoro com o rio. Nelle se banha e mergulha e nada, a linda coma loura fluctuante, e nelle mira seus olhos feitos de pedaços do céo.

E' seu amante, é seu deus o rio eterno. E' o ser vivo em cuja companhia refoge á depressão do ermo absoluto.

LETREIRO

Em Marabá confluem duas psychicas, a da terra, herdada de sua mãe, e a do moço louro, vindo d'além-mar, duma plaga distante que em sonhos indecisos su´alma em botão adivinha.