QUADRO
Mas pouco scisma, a linda Marabá. O tempo lhe é escasso para a delirante vida de nympha que é seu viver alli.
Ora perde manhã inteira na perseguição do gamo que veio beber em seu rio, ora galga a pedranceira, operando prodigios de arrojo para colher a flor singela que desabrochou no mais alto da penha.
Persegue borboletas — e que maravilhoso quadro é vel-a no campo, veloz como a gazela, a loura cabelleira solta ao vento!
Sua nudez casta de virgem esplende em fulgor de esculptura divina. Deus a esculpiu — e esculptor nenhum jámais concebeu corpo assim, de linhas mais puras, seios mais firmes, ancas mais esgalgas, braços de torneio mais fino.
Tem a nudez divina, Marabá — porque existe a nudez humana: das creaturas que convivem entre humanos e soffrem os vincos da humanidade.
Marabá não viciou sua nudez no contacto humano e é nua como é nu o lyrio: sem saber que o é.