Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/16

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curtem sede os moradores de Pasmado dias e noites, ainda de verão, como curte a pobreza deste esplendida e orgulhosa cidade — primeira capital da América do Sul.

Em um rancho ou garapeira que se via algumas dezenas de passos antes da povoação, estavam reunidos, por uma noite de 1706, à roda de um fardo de fazendas, vários matutos que voltavam do Recife, onde tinham ido vender algodão. Entre eles havia dois almocreves das proximidades de Goiana, um por nome Francisco, o outro Victorino.

O rancho não era mais do que o prolongamento da garapeira, com a qual tinha comunicação interior. Era, como são tais pontos, apenas envarado até meia altura e coberto de telhas. De um lado estava a longa manjedoura em que os cavalos dos rancheiros passavam a noite aproveitando, de mistura com alguns pés de capim, cortados de tarde, os talos e retraços que nela tinham deixado os cavalos dos rancheiros na noite anterior. Do outro lado o alpendre mostrava-se inteiramente livre, como convinha, a fim de terem os hospedes espaço para as suas redes, que eles armavam de um enchamel para outro, e donde a qualquer hora da noite podiam ver os seus animais