Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/289

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O negro não respondeu. Triste, cabisbaixo, imóvel, não sabia o que dizer à cabocla.

Esta prosseguiu:

— Pois não seria muito mais bonito que, em vez de seres traidor e ingrato a seu sargento-mór, fosses o primeiro a defendê-lo na hora do ataque? Não terias tu muito mais segura a tua alforria, se, quando Pedro da Lima partisse contra seu sargento-mór, tu partisses contra Pedro de Lima, e com a foice, o facão, o chuço ou o bacamarte impedisses que ele fizesse mal a teu senhor ou à tua senhora?

Germano não era um negro bronco.

Ouvindo estas palavras, percebeu que nelas se lhe oferecia uma porta para sair da situação cruel e desprezível a que fora arrastado.

Então soltou-se-lhe a voz, que estava presa.

— Eu quero contar a vosmecê a historia como foi. Seu Pedro de Lima foi quem me fez esta proposta, com a promessa de minha liberdade. Vosmecê bem pode saber que todo cativo deseja ficar livre, ainda que seja muito bem tratado por seu senhor, como sou eu na escravidão. Eu prometi fazer isso que ele disse, mas depois que ouvi suas palavras,