Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/360

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natural que ao ultraje se seguisse o assassinato. Mas enganam-se. supondo aniquilar-nos, não fazem mais do que apressar a sua própria queda.

— Mas que mais esperamos, Sr. Coelho? Interrogou Luiz. Não será ainda tempo de armar o povo e atirá-lo contra os fidalgotes? Havemos de morrer às mãos deles, e só então nos meterão nas mãos as armas? Vamos com isso, senhor, vamos com isso. O povo não pede senão armas, não quer senão ir contra os nobres. E há muito povo pelas ruas?

A vila inteira está nas ruas. O tiro desfechado irritou todos os ânimos. Homens e mulheres correram à botica a saber o que tinha sucedido. Se apanham o assassino, fazem-no em postas. Dizem que é um escravo de João da Cunha.

— Há de ser, há de ser. Não tem ele mandado fazer tantas mortes? Não é useiro e vezeiro nesse oficio? Não é ele o gran senhor desta herdade, e não somos nós seus servos? Mas que a façam bem feita, porque se assim a não fizerem, com seu sangue serão lavados os insultos e agravos com que todo o dia nos batem às faces.