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Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/361

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Coelho foi interrompido neste ponto por uma voz rouca e tremula, que partia do meio da rua.

— É a voz de Jeronymo—disse elle.

Todos correram á sacada.

— Ali vem elle—disse o musico.

— Querem a perturbação, o sangue, a morte? Dizia o marchante. Pois hão de ter todas estas calamidades. Sou o procurador do povo de Goyanna. Ainda ha pouco vos dizia eu que da nobreza só tinhamos que esperar desdens e despotismos. Agora já posso acrescentar que temos tambem que esperar o assassinato ás escurinhas e traiçoeiramente. Não me mataram; apenas feriram-me no hombro; mas a morte dos que defendem os direitos do povo e a autoridade real, essa elles a tem decretado como meio de consolidarem o seu poder, filho da violencia e do artificio. São réos de crime de primeira cabeça. Ah! o que nos fazem—tenham certeza—não o botam em sacco rôto.

Antes de ser ferido pelo tiro que lhe foi disparado por mão até hoje desconhecida, Jeronymo Paes tinha já encaminhado parte do povo para o movimento insurrecional.

Quando chegou á botica, ainda estava ahi o Ricardo pérorando em favor da nobreza.