Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/73

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se apresentava enegrecido do pó e das imundices em que se espojava, como cão, e sobre as quais dormia como porco, trazia, não roupa, mas pútridos e repugnantes andrajos.

— Onde achou você este menino? perguntou-lhe Marcelina, não sem espanto do que via e não esperava.

— Achei-o por ai além; não precisa saber onde. Toma-o à tua conta, limpa-o, trata dele.

— Não tem pai nem mãe? Poderemos te-lo por nosso, sem risco de o perdermos ou de que alguém o venha tirar de nosso poder quando já estiver não como bicho, mas como gente?

— Não tenhas receio de que haja quem o queira, Marcelina. Todo o Pasmado entregou-mo para ficar aliviado e livre dele. Tu não sabes de quanto é capaz este menino endiabrado que nos está ouvindo sem dizer uma palavra sequer, passado de raiva e em termos de arrebentar. Enfim, para encurtar a historia, basta que eu te diga que pelo que me fez em tão curta jornada, tive muitos ímpetos de o ir deixar outra vez no lugar onde o encontrei aborrecido e temido por todos. Não foi uma nem duas vezes que me arrependi da minha caridade