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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/145

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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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forma que no outro, Angelo Agostini era o desenhista do periodico.

O partido adversario tinha, pois, sobrados motivos para marcá-lo e esperou pacientemente a oportunidade propícia para dar-lhe o golpe que tirasse ao negro a vontade de prosseguir nas duas campanhas, a política e a emancipadora. O ensejo apareceu em 1868, por ocasião de uma virada ministerial. Gama teve de amargar aquela demissão “a bem do serviço publico”, com a nota de “turbulento” e “sedicioso”. Para o Partido Conservador era ele muito peor que isso e mereceria mesmo a deportação, se coubesse como pena do delito.

Na impossibilidade de o fazer, a demissão trazia consigo a quasi certeza de que Gama desistiria, pelas dificuldades econômicas que o golpe the criava inesperadamente, reduzindo-o ao silêncio.

O caso, como se sabe, não passou em branca nuvem. Um colega e amigo seu, aproveitando-se da sua ausencia, escreveu uma nota a proposito da demissão. E isso foi o bastante para que se acendesse uma polêmica entre Gama e o seu velho e antigo protetor, o conselheiro Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, chefe de policia, que o fizera, em 1848, seu ordenança e que lhe facilitara o acesso ao cargo de amanuense em 1856.

A polêmica durou varios dias, tendo alvoroçado a cidade pelo imprevisto do acontecimento: um embate entre protetor e protegido. Gama portou-se á altura de sua gratidão e manteve uma linha impecavel de correção moral