ULTIMOS ANOS
De uma certa altura da existência em diante, pressentindo ou tendo mesmo a certeza de que não duraria muito,Gama redobra de esforço na sua campanha. Os trabalhos da sua banca de advogado o absorvem cada vez mais. Sua nomeada de orador, de grande orador, dos maiores, senão mesmo o maior daquele tempo, em que havia brilhantissimos expoêntes da mais alta eloquência brasileira, é nos comicios e, principalmente, no Tribunal do Juri, que se forjara e que se alimentava.
Até nisso a “guigne” tradicional que o acompanhava desde criança, persegue-o. Ha, no mundo, uma profissão ainda mais ingrata que a de jornalista. E’ a de advogado do fôro do crime, de defensor de causas no Tribunal do Juri. O jornalista, é certo, não assina os seus trabalhos, mas escreve-os. Deixa a marca de sua passagem pela redação, e póde, a todo instante, ser reconstruida a atividade de um homem de imprensa. O advogado do crime nem a esse supremo, embora dificil testemunho, faz jús. Suas arengas, as mais notaveis, as mais convincentes, as mais profundas ou substanciosas, são orais. Palpitam no ar aqueles poucos minutos em que a vibração da voz lhes dá vida, dentro dos pequenos recintos em que, por via de