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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/233

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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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da casa enlutada. Fechou-se o caixão. Momentos antes, houvera uma cena de que a linguagem não póde dar conta: — despedida da viuva. Atroz!

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E a tampa do caixão caía cerrando-se sobre o defunto com o ruido de uma boca que mastiga. Dentro de poucos minutos, o povo, aglomerado diante da casa, viu levantar-se o reposteiro negro e estender-se para a rua um longo esquife, coberto de luzentes listrões de ouro. Depois do esquife, precipitou-se uma multidão numerosa. Todos de preto. Era o enterro. Devia fazer-se a pé. O cemiterio estava longe, no extremo oposto da cidade, para as bandas da Consolação. porem, que o corpo do amigo de todos, como chamavam a Luiz Gama, fosse por todos um pouco carregado. A consideravel distancia que separa os dous arrabaldes, devia ser percorrida a pé, para que a muitos fosse possivel a honra de levar aquele glorioso cadaver. Ao saír da casa, pegaram nas argolas Gaspar da Silva, do Centro Abolicionista, e outros amigos do Gama, como o Dr. Antonio Carlos, o Dr. Pinto Ferraz, o conselheiro Duarte de Azevedo... Em roda do feretro apertava-se a multidão, empenhando-se por tomar as alças. Havia de prestar-se aquela grande reliquia uma homenagem ardente. Para diante caminhava uma porção imensa do povo; atraz do prestito, desfilava uma enorme quantidade de carruagens, seguindo a passo. Entre as carruagens, via-se o coche funebre. Vasio. Era um prestito respeitavel. Em meio do caminho do Braz, uma banda de musica, ali pos-