escrava, que lá estivesse registrado, não podia deixar de ser o nosso homem. E na tentativa animava-se a esperança de que o pai comparecesse como padrinho ou como testemunha, dando assim uma pista ás pesquizas.
Baldado esforço. Os livros, de fato, existem e foram vistoriados pelos srs. Conego Anibal Matta, secretario da Curia, e depois pelo Revmo. P. Clodoaldo Barbosa, mas infelizmente, não se logrou encontrar o assentamento naqueles termos. Não ha nenhuma criança de oito anos, com o nome de Luiz ou de Luiz Gonzaga, entre os registros, como pude verificar pela relação que me enviou a educadora baiana, D. Anfrisia Santiago.
Isso levaria a concluir que Gama trocou não apenas o nome de familia mas tambem o proprio prenome. Seria conjetura perfeitamente plausivel, que nada apresenta de estranha ou de absurda. Poder-se-ia até supor que essa mudança ele a operou antes de pensar em esconder o nome paterno. Haveria toda a verosimilhança em imaginar que Gama tivesse dado prenome diverso, á sua chegada no Rio de Janeiro, não já com o intuito de salvaguardar futuramente a reputação do progenitor, mas pelo orgulho ferido que não admitia tivesse “o escravo á força” o mesmo nome do menino livre da Baía. E se o descobrissem no embuste, diria que tinha preferido adotar o prenome materno, o que, naqueles tempos, para um escravo que alem de tudo mudava de província, não seria um acontecimento muito importante. Ajudá-do-ia, quiçá, nessa tarefa, o proprio proprietário da “peça”, a quem o expediente convinha, de vez que o menino tinha sido escravisado injustamente