As que se lhes seguiram, em 1826, 1828 e 1830, foram sublevações de negros “nagôs”, nação africana tida como das que maior numero de individuos inteligentes havia fornecido ás lavouras baíanas. A de 1835, a maior e a mais bem organizada de todas, fôra chefiada pelos “malês” ou “malinkês”, que se distinguiam por serem adeptos da religião mussulmana, mas tivera a ajuda de quasi todas as outras nações de negros, entre os quais os nagôs figuravam em primeira plana. Era a provada inteligencia destes que os fazia temidos.
Ora, Luiz Gama era filho de mulher nago. A repulsa seria, portanto, mais acentuada contra ele, da parte dos senhores. E para avaliar o termor que os escravos baianos inspiravam, baste dizer que ainda hoje, como tive ocasião de o verificar pessoalmente, em certos meios atrazados de São Paulo, especialmente nas zonas rurais, o negro dessa terra é muito respeitado e temido, considerado como indomavel e insubmisso, sempre a armar rebeldias e motins. Tanto póde o efeito de uma idéa, que se vulgarisou ha mais de cem anos, que seu residuo sentimental persiste ainda na mentalidade de muita gente.
Voltando a São Paulo, depois da infrutifera tentativa de passar a novo proprietário, seus primeiros sete anos de vida, na casa do alferes Cardoso, não têm maior significação. Destinaram-no, á falta de melhor aproveitamento, ao artezanato, que já andava em moda desde o começo do século para os negros que revelassem atividade mais de-