Do intrincado sipó.
Que importa’os dedos da jurema aduncos?
A anta, ao vel-os, occulta-se nos juncos,
Voa a nuvem de pó.
Dentre a flor amarella das encostas
Mostra a testa luzida, as largas costas
No rio o jacaré.
Catadupas sem freios, vastas, grandes,
Sois a palavra livre d’esses Andes
Que além surgem de pé.
Mas o que vejo? E’ um sonho!... A barbaria
Erguer-se n’este seculo, á luz do dia,
Sem pejo se ostentar.
E a escravidão — nojento crocodilo
Da onda turva expulso lá do Nilo —
Vir aqui se abrigar!.
Oh! Deus! não ouves d’entre a immensa orchesta
Que a natureza virgem manda em festa
Soberba, senhoril,
Um grito que soluça afflicto, vivo,
O retinir dos ferros do captivo,
Um som discorde e vil?
Senhor, não deixes que se manche a tela
Onde traçaste a creação mais bella
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Aspeto
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CASTRO ALVES