D’esta campina as arvores são bellas,
São bellas estas flôres que se vergam
Das auras estivaes ao debil sôpro;
Mas nem a sombra que no chão se alonga,
Nem o perfume que o ambiente inunda
São d’essa gleba divinal que adoro.
O exilado está só por toda a parte!
Mole e lascivo no tapiz da selva
Serpeia o arroio, e o deslizar queixoso
Peja de amor as solidões dormentes;
Mas nunca o rosto reflectiu-me um dia,
Nem foi seu burburinho enlanguescido
Que embalou minha infancia descuidosa.
O exilado está só por toda a parte!
— Por que choraes? me perguntou o mundo;
Contai-nos vossa dôr, talvez possamos
Sanal-a ás gotas de elixir suave;
Mas, quando eu suspendi a lousa escura
Que o tumulo cobria-me da vida,
Riram-se pasmos sem sondar-lhe o fundo.
O exilado está só por toda a parte!
Vi o ancião da prole rodeado
Sorrir-se calmo e bendizer a Deus,
Vi junto á porta da nativa choça
As crianças beijarem-se abraçadas;
Mas de filho ou de irmão o santo nome
Ninguem me deu, e eu fui passando triste.
O exilado está só por toda a parte!
Quando verei essas montanhas altas
Que o sol dourava nas manhãs de agosto?
Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/143
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