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Foi esse o amor primeiro — requeimou-me
As arterias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existencia
Na harmonia primeira do alaúde!

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Meu Deus! e quantas eu amei!... Comtudo
Das noites voluptuosas da existencia
Só restão-me saudades dessas horas
Que illuminou tua alma d’innocencia!

Foram trez noites só... três noites bellas
De lua e de verão, no val saudoso...
Que eu pensava existir... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo!
 
E por trez noites padeci trez annos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Trez annos de esperança e de martyrio...
Trez annos de soffrer — e espero ainda!
 
A ti se erguêrão meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso:
Votei-os á imagem dos amores
P’ra velal-a nos sonhos como incenso!