S. Paulo, 26 de julho.
Agora segue-se uma poesia. Talvez não gostes da segunda parte pela transiçâo. Mas lê e verás.
I
Era um anjo do céo — de aereas nuvens
N’alvo luar, em sonho vaporoso
Balouçado — suave na tristeza,
Em lago sem rumor, ermo de brizas.
E era a solta madeixa destransada
Sobre as nuvens do collo como um raio
Do sol ao madrugar espreguiçado
De amanhecer por entre as brancas nevoas,
Com que a noite cobriu da terra a somno
— Qual das vagas á flôr esteira d’oiro
Que a lua ao acordar languida estende
— Quaes flòres n’apotheose de Santa
Por mãos de Cherubim nos céos juncadas,
Loiros como o Oriente.
£ os olhos côr de eco, d’anil tão puro,
N’extase melancolico enlevados.
Os céos mirando em seu scismar virgineo,
Erão flor azulada a quem a aurora
Tremelêa uma perola de roscio.
E amei o Seraphim descido á noite
D’ethereas regiões á minha vida