Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/151

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republicanos de Bruto, precipitou-se, como o ouro na infusão do clorureto de platina, a civilização árabe.

E aí, nesse amálgama que abrilhantara a nudeza dos tempos de guerra com o esmalte dos arabescos poéticos dos fugitivos maometanos, a velha Hispânia romana, embora o genro de Afonso de Castela, o francês conde Henrique, instalasse pelas praias atlânticas no seu reino de Porto-Calle, as dos lidadores de Ourique, dos vassalos nobres e dos eclesiásticos de Lamego, uma outra Hispânia independente e livre... embora!... sempre houve um nome, uma unidade que resumiu aquelas duas nações, inda mesmo quando depois que uma invasão conquistadora e após da tirania dos Filipes os ecos da terra portuguesa relembraram os antigos sons das tubas de Aljubarrota e a nação independente de Afonso Henriques aclamou D. João IV: embalde... o ciúme que arreigou fundos em ambos esses povos ódios mútuos aplicando um dito do Sr. Garret: - "Os portugueses ficaram sendo sempre espanhóis - castelhanos nunca".

O romanceiro do Cid, essa trova de jograis que deram à Provença os lais de amor e o romance da Rosa (de Meung); e os Cancioneiros de Rezende e D. Diniz, são numa língua irmã toda: ou antes, a língua é a mesma. E, ainda muito depois, a literatura portuguesa corava de escrever no dialeto porventura mais bárbaro dos Hispânico-Lusos, mas inçado talvez das línguas estrangeiras, de vestígios árabes deixados pela invasão, de mistos franceses trazidos pelos cavaleiros de D. Henrique; e Montemor