sou como os outros. Acho que uma taça vazia pouco vale, mas não beberia o melhor vinho numa xícara de barro.
O Desconhecido: E contudo bebes o amor nos lábios de argila da mulher corrupta!
Macário: O amor? Que te disse que era o amor? É uma fome impura que se sacia. O corpo faminto é como o conde Ugolino na sua torre-morderia até num cadáver.
O Desconhecido: Tua comparação é exata. A meretriz é um cadáver.
Macário: Vale-nos ao menos que sobre seu peito não se morre de frio!
O Desconhecido: Admira-me uma coisa. Tens vinte anos: deverias ser puro como um anjo e és devasso como um cônego!
Macário: Não é que eu não voltasse meus sonhos para o céu. A cisterna também abre seus lábios para Deus, e pede-lhe uma água pura-e o mais das vezes só tem lodo. Palavra de honra-que às vezes quero fazer-me frade.
O Desconhecido: Frade! Para quê?