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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/242

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luar me gela. Demais, senti nas folhagens ao longe um estremecer. Que som abafado é aquele ao longe? Dir-se-ia o arranco de um velho que estrebucha.

Satan: É a meia-noite. Não ouves?

Macário: Sim. É a meia-noite. A hora amaldiçoada, a hora que faz medo às bestas, e que acorda o ceticismo. Dizem que a essa hora vagam espíritos, que os cadáveres abrem os lábios inchados e murmuram mistérios É verdade, Satan?

Satan: Se não tivesse tanto frio, eu te levaria comigo ao campo. Eu te adormeceria no cemitério e havias ter sonhos como ninguém os tem, e como os que os têm não querem crê-los.

Macário: Bem, muito bem. Irei contigo.

Satan: Vamos pois. Dá-me tua mão. Está fria como a de um defunto! Dentro em alguns momentos estaremos longe daqui. Dormirás esta noite um sono bem profundo.

Macário: O da morte?

Satan: Fundo