com seu luxo, a Espanha, onde o clima convida ao amor, onde as tardes se embalsamam nos laranjais em flor, onde as campinas se aveludam e se matizam de mil flores — iremos a Itália, a tua pátria — e no teu céu azul, nas tuas noites límpidas, nos teus crepúsculos suavíssimos viver de novo ao sol meridional!...Se quiseres...senão seria horrível...não sei o que aconteceria: mas quem entrasse neste quarto levaria os pés ensopados de sangue...
Sai: duas horas depois voltei.
— Pensaste, Eleonora?
Ela não respondeu. Estava deitada com o rosto entre as mãos. A minha voz ergueu-se. Havia um papel molhado de suas lágrimas sobre o leito. Estendi a mão para tomá-lo — ela entregou-me o.
Eram uns versos meus. — Olhei para a mesa, minha carteira de viagem, que eu trouxera do carro, estava aberta, os papéis eram revoltos Os versos eram estes.
Claudius tirou do bolso um papel amarelado e amarrotado: atirou-o na mesa. Johann leu:
Não me odeies, mulher, se no passado
Nódoa sombria desbotou-me a vida:
No vicio ardente requeimando os lábios
E de tudo descri com fronte erguida.
A másc'ra de Don Juan queimou-me o rosto
Na fria palidez do libertino:
Desbotou-me esse olhar — e os lábios frios
Ousam de maldizer do meu destino.