Vaso templário da taverna a mesa:
Estrela d'alva refletindo pálida
No tremedal do crime.
Como o leproso das cidades velhas
Sei me fugiras com horror aos beijos
Sei, no doido viver dos loucos anos
As crenças desflorei em negra insânia:
— Vestal, prostitui as formas virgens
— Lancei eu próprio ao mar da c'roa as folhas,
— Troquei a rósea túnica da infância
Pelo manto das orgias.
Oh! não me ames sequer! Pois bem!! um dia
Talvez diga o Senhor ao podre Lázaro:
Ergue-te — ai do lupanar da morte,
Revive ao fresco do viver mais puro!
E viverei de novo: a mariposa
Sacode as asas, estremece-as, brilha.
Despindo a negra tez, a bava imunda
Da larva desbotada.
Então, mulher — acordarei: do lodo,
Onde Satan se pernoitou comigo,
Onde inda morno perfumou seu molde
Cetinosa nudez de formas níveas.
E a loira meretriz nos seios brancos
Deitou-me a fronte lívida, na insônia
Quedou-me a febre da volúpia a sede
Sobre os beijos vendidos.
E então acordarei ao sol mais puro,
Cheirosa a fronte as auras da esperança!
Lavarei-me da fé nas águas d'oiro
De Madalena em lágrimas — e ao anjo
Talvez que Deus me de, curvado e mudo.