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Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/225

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Em seu zelo outro espírito não obra
Mais que o amor do seu Rei: isto lhes sobra.
Abertas as montanhas, rota a Serra,
Vêconverter-se em ouro a pátria terra;
O Etíope co'os Índios misturado
Eis obedece ao próvido mandado
Dos bons Conquistadores: desde o fundo,
De ouro e diamantes o país fecundo
Produzas grandes, avultadas somas.
Tu por empresa, nobre engenho, tomas
Fabricar inda o esférico instrumento,
Que o trabalho fará menos violento.

Já dos rebeldes o esquadrão ferino
Se conjura afazer o roubo indigno,
Tomando outro partido esses, que devem
Respeitar um só Rei; ímpios se atrevem
A lançar desde os lares, que têm feito
Os míseros Vassalos: o preceito
Intimado na voz do Rei lhes tira
As armas, um e outro se conspira,
E em vários choques, em ataques vários,
Ou morrem já, ou buscam solitários
E fugitivos o seu pátrio berço.
Ide, infelices; o ânimo perverso
Cessará uma vez de maltratar-vos;
O Rei sabe puni-los, sabe dar-vos
Justa satisfação, justa vingança.
Sobre eles vem Fernando; mas o lança
Inda o furor da levantada gente;
Volta a munir-se o Capitão valente,
E a vosso beneficio já protesta:
Fará cair ao chão mais de uma testa.